quarta-feira, 25 de novembro de 2015

CIRCUITO LAGAMAR DE CICLOTURISMO

A prática do cicloturismo é simplesmente incrível! Nós não apenas passamos por lugares, mas fazemos parte dele. Particularmente, nesta última viagem ao Circuito Lagamar,  fui acometida por tal sensação, como se nunca antes tivesse estado naquele lugar... e olha que foi uma das praias mais visitadas por minha família e eu, em minha infância. Mas antes de narrar nossa experiência, vou descrever como surgiu, porque e como fazê-lo, caso interessar.



Como surgiu?
O circuito foi idealizado pelo biólogo e gestor ambiental William Mendes de Souza. De acordo com ele, foi percebido que o local possui um grande potencial para o turismo. Com isso, foi pensado em uma forma de fomentá-lo, sem agredir os locais por este contemplado. Surgiu então a ideia de inserir a prática cicloturistica, que visa acima de tudo a conservação da natureza pelo uso sustentável em seu transporte.

Porque fazê-lo?
Visitar cidades históricas, comunidades caiçaras, pedalar pela praia, entre reservas de mata atlânticas muito bem preservadas, mananciais e cachoeiras. Se isso não é razão suficiente, pense ainda em mais uma: o percurso possui uma altimetria muito plana, sendo concebida para ciclistas iniciantes, nesta prática de cicloturismo!

Como fazer?
Primeiro, prepare bem sua bike. Faça uma revisão e peça ao mecânico dicas sobre reparos rápidos como troca de câmara, aperto rápido de corrente e leve consigo óleo (limpe e lubrifique a corrente da bike todos os dias)! Treine um pouco; duas a três vezes por semana, uns 45 ou 50 km. Prepare alforges, para levar sua bagagem. Se não forem impermeáveis, use boas capas, pois a região serrana é bem úmida com boas possibilidades de precipitação. A logística é bem simples pois, por se tratar de um circuito, começa e termina no mesmo local: panificadora Cajara – Ilha Comprida. Os locais para dormir em Ilha Comprida, Iguape, Pariquera-açu, Jacupiranga e Cananeia, são sugeridos pela organização e disponibilizados num  guia, que vem junto com um kit. Este poderá ser retirado na panificadora, ao custo de R$ 20,00. No término do percurso, trazendo o guia devidamente carimbado (veja informações no guia), receberá um certificado de conclusão. O circuito possui 180 km e poderá ser feito entre 3 ou 5 dias. Em breve será sinalizado, por meio de placas indicativas (previsão: início de dezembro de 2015). Por enquanto, quem quiser percorrê-lo, poderá solicitar o arquivo em gps, extensão kmz ou kml, com o sr. William, por meio do e-mail wmmultiambiental@gmail.com ou caujakp@hotmail.com .

Se quiser ler um pouco mais sobre dicas de viagem, acesse o blog http://claudiajakefilipe.blogspot.com.br/search/label/DICAS%20CICLOVIAGEM . Ali saberá o que levar, como carregar, etc.

Diário de bordo

Primeiro dia
Decidimos fazer a viagem após ler a matéria na Revista Bicicleta, edição 57, novembro de 2015, muito bem detalhada por nosso querido Therbio Felipe. Após o contato inicial com o Sr. William, que também pode ser encontrado na Divisão de Turismo, em Ilha Comprida (13-3842-7028), recebemos o arquivo gps e nos programamos para começar no dia 20/11/2015. Chegamos na cidade às 09h00, compramos o kit. Na época era retirado na padaria. (continha bolsa, caneca, chaveiro, pomada para lesões, guia e adesivos). 

Atualmente, é retirado na rodoviária da cidade - Av. Candapuí (na entrada da Ilha). Fone 13 3842-3306 - retirar com Taico ou Carlos. O início é a apenas alguns metros no Espaço Cultural Plínio Marcos - Av. São Paulo, 1000. 



Montamos as bikes e partimos para nossa aventura.


Caneca, adesivos, pomada de lesões, chaveiro, sacolinha, guia com informações.


Passar sobre a ponte que divide as cidades de Ilha Comprida e Iguape é uma grande emoção. A paisagem é linda! Além disso, cruzar com vários moradores que fazem o trajeto diariamente, talvez até sem apreciar a beleza tanto quanto nós, já acostumados a ela, nos faz perceber como a bike é um meio de transporte importantíssimo, por aqui. 



Sinceramente não me recordava dos belos casarios em estilo barroco, da cidade de Iguape. Fui obrigada a parar e contemplar este acervo, datados do final do século XVIII. 






Após atravessar a cidade, seguimos em direção a uma estradinha que já havia ouvido rumores, conhecida como Estrada do Jeirê. 





Ali, seguimos ladeados por pequenos mangues, campos, búfalos e algumas colinas. Foram quilômetros ouvindo apenas a pressão dos pneus sobre o cascalho e as paisagens de tirar o fôlego. 













Decidimos dormir em Pariquera-açu, devido a temperatura que marcava algo próximo aos 40° C.  No entanto, caso faça o trajeto numa sexta-feira, tente seguir até Jacupiranga para apreciar a Feira da Lua, que dizem ser imperdível!
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Segundo dia

No dia seguinte, seguimos até Jacupiranga e ali adentramos a SP-193, conhecida como Estrada do Canha, que faz parte da antiga rota Peabiru, trilhas abertas por índios que seguiam de alguns pontos do litoral brasileiro até Cusco, no Peru. Tais rotas tinham aproximadamente 3.000 km. Amo história e imaginar que passaram por aqui muitos índios, colonizadores, tropeiros e bandeirantes, instiga minha imaginação. Hoje éramos nós, bravos ciclistas! 






Estrada cheia de Macanás




Este trecho cercado de muito verde e, nesta época do ano, belos manacás floridos, nos levam até a entrada de uma bela cachoeira chamada Pitu, onde foi possível passar um tempo descansando e apreciando nossa exuberante natureza. Após nos abastecermos, seguimos em direção a Cananéia. 








Para acessar a mais esta maravilhosa cidade, com seus quatro séculos de histórias, não poderia ser de uma forma melhor: via balsa. 






Ali, tivemos o prazer de conhecer mais três ciclistas que vinham de Curitiba para percorrer a Trilha do Telégrafo. 


Como fariam isso apenas no dia seguinte, decidimos seguir todos até o centro histórico e ali, ao sabor de isca de peixe e cerveja, jogarmos conversas ‘fora’ em meio a tantas risadas.





Ainda tivemos o grande privilégio de ficar na casa de grandes amigos, em Cananéia. Fomos recebidos com um grande jantar e uma maravilhosa noite de descanso! 








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Terceiro dia

O último trecho que segue de Cananéia a Ilha Comprida, aproximadamente 65 km, contrasta com os últimos dias pedalados em meio às matas fechadas. Aqui, com tal amplitude de visão e praticamente ausência total de civilização, fomos mergulhados em nossas mais profundas reflexões. 












A areia é bem rígida, fazendo com que o pedal siga tranquilo e quase nem percebemos quando nos aproximamos da vila caiçara de Pedrinhas. Aqui, somos convidados a experimentar o modo de vida de um povoado que conserva sua cultura nos mínimos detalhes, por meio de seu dia a dia e suas comidas. Aproveite para se abastecer por aqui.








Passamos por um trecho de mata fechada, com direito a paisagens praticamente intocadas nos fazendo refletir que, por sorte, ainda há muitos lugares onde o homem e sua ganância 'ainda' não puseram suas mãos.







O cicloturismo, como muito bem descrito por meio amigo Therbio Felipe, é o melhor investimento para todos por tratar-se do Turismo de Experiência. Hoje, quando penso em viajar, não relaciono mais com o Turismo de Massa baseado no consumo, aglomeração de pessoas, péssimos atendimentos, esgotamentos de recursos, violência urbana, trânsito caótico, pessoas estressadas... penso exatamente em quais novos lugares posso presentear meus olhos, meus sentidos e minhas experiências... coisas que, aconteça o que acontecer, levarei para sempre comigo! 


E viva a bicicleta. 


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Pontos onde carimbei nossos guias:

Hotel Icaraí (Ilha Comprida) - fomos super recebidos! Muito carinhosamente o dono até fez uma foto nossa e postou em seu blog:



Hotel do Bi (Pariquera-açu) - fomos muito bem recebidos e o hotel é super centralizado, de frente a um supermercado e restaurantes! O local é muito confortável e também possui o carimbo. 



Hotel Coqueiro (Cananéia) - apesar de não termos ficado por ali, fomos muito bem recebidos por Fabinho, dono do hotel. 

Sugestão - Não deixe de passar na casa do Artesanato, ao lado da balsa, bater um papo com o Chileno e comprar uma lembrancinha deste maravilhoso percurso. Ali tem um imã lindo do pássaro Tié, marca registrada da Ilha Comprida. 


Altimetria:

Ilha Compria a Pariquera-açu
Pariquera-açu a Cananéia
Cananéia a Ilha Comprida